10 março, 2013

Politizar é preciso, sim

Petare, a maior favela urbana do mundo, Município Sucre, Estado Miranda (governado pelo candidato derrotado por Chávez, Henrique Capriles) Grande Caracas, Venezuela

por @FFrajola *

Ainda sobre o enterro de Chávez, comentei que me impressionou o grau de politização do povo venezuelano. As “teorias” de que tratava-se de uma “ditadura” e que “eram obrigados” a reverenciar o “Caudilho populista”, absolutamente foram desmentidas pelas imagens e relatos que assistimos.
Um depoimento de uma senhora me chamou a atenção: “Nossos adversários são as elites. É a luta dos que tem contra os que não tem. Por isso o povo está com Chavez”. Mais claro, impossível.
No Brasil, “cordiais” que somos, é diferente. Como dizia o gênio Tim Maia, só aqui que “puta se apaixona, cafetão tem ciúmes, traficante se vicia e pobre é de direita”.
Mas, percebo mudanças. Começando por mim mesmo. Classe média, ex-professor universitário, publicitário, eu era apenas o que poderia se chamar de “simpatizante” do PT, votando em Lula desde 89. Porém, a partir da eleição de 2010, com Serra e sua mídia adestrada lançando calúnias, difamações, armações à la “Tea Party”, seguindo a mais reacionária e preconceituosa cartilha da direita norte-americana, me senti “obrigado” a me posicionar.
Se por um lado, a desculpa tucana de que “os problemas” de São Paulo eram culpa dos “nordestinos pobres, feios, analfabetos e preguiçosos”, que o Estado mais rico “sustentava” o “resto do país”, criou as Nayaras Petrusos da vida, bem como os skinheads da avenida paulista, ofendendo e até agredindo negros, gays ou nordestinos, por outro lado este discurso reacionário indignou quem tinha um mínimo de sensibilidade social.
Isso me levou a me tornar um “blogueiro progressista” e, segundo meu filho, um “petista mais petista do que os petistas de carteirinha”, apesar de nunca ter me filiado a nenhum partido político. (Não me filiei não por falta de convites. Mas, porque não tenho pretensões políticas, nem busco “cargos”).
Com a eleição de Haddad (que apoiei e militei tanto no twitter como em artigos neste blog desde o primeiro momento) e a aprovação popular do governo Dilma, o desespero da direita e da velha mídia é evidente. Eles já foram para o “tudo ou nada”, porque sabem que 2014 está se aproximando e deverão levar nova surra nas urnas. Afinal, não tem propostas nem candidatos para “empolgar” os eleitores.
Esta “esticada de corda” da direita é responsável por exemplo, pelo Jornal Nacional apresentar os seus piores índices de audiência. Após um dia de trabalho, ligar a televisão para ver apenas má-fé e propaganda ideológica mal disfarçada contra um governo que melhora sua vida continuamente, faz com que o cidadão perceba que estão querendo “enganá-lo” e que “aquilo” não é verdadeiro. Dai a mudar de canal ou desligar a TV.
Nas poucas vezes em que a Presidenta Dilma foi à TV exercer seu direito de falar com a população, ela foi firme, clara e direta ao “denunciar” os que “torcem contra o Brasil”. Os tucanos se indignaram. A Presidenta está “politizando”, como se isso fosse errado, ilegal ou imoral.
Diariamente vemos no facebook e nas redes sociais os ditos “despolitizados ou apartidários” falando mal do governo, fazendo piadinhas preconceituosas contra Lula e Dilma, difundindo calúnias, etc e tal. Ao retrucarmos com argumentos e fatos , reclamam que “ali não é lugar de se fazer política”. Santa ingenuidade ou má-fé, Batman. Ser “inocente útil” para a direita pode. Ser consciente e politizado, não.
Assim, decepcionei-me com vários “amigos”. Imagino que a recíproca também seja verdadeira. É da vida, oras. Mas, daqui até 2014, acredito que as pessoas deverão cada vez mais “se posicionar”, ao ficar claro a luta entre quem tem propostas para “melhorar a vida dos brasileiros” e quem faz apenas o discurso moralista, vago, oportunista e “contra tudo isso que está ai”, sem apresentar propostas objetivas.
Como disse a venezuelana citada lá no ínicio: “É a luta dos que tem contra os que não tem”. Ficar “em cima do muro” não é isenção, porque “o muro já tem dono”, mas se o povo quiser derrubar, ninguém será capaz de impedir. Sigamos, então.

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* O post do @FFrajola foi excepcionalmente publicado aqui em primeira mão devido à dificuldade de acesso por 3G ao portal Luis Nassif, onde ele hospeda seu blog

Um comentário:

  1. Que legal!
    Comigo aconteceu a mesma coisa. Fui militante, passei a simpatizante e depois larguei de mão, mas depois de 2010 me tornei um petista ferrenho.
    Também perdi alguns amigos, mas me sinto feliz com os bons que ficaram.

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