12 dezembro, 2012

Corrupção seletiva


O @BobFernandes levanta uma questão: se há alguns anos Marcos Valério disse que não teria mais nada a revelar, por que agora teria "revelado" outros "fatos" supostamente ocorridos há uma década ? Pode-se acreditar numa pessoa que "conta o que sabe" só depois de ser sentenciado? 

Há outras questões: se o depoimento ocorreu em setembro, por que só agora veio a público e desta vez não pelas páginas da incrível (no sentido de sem credibilidade) Veja  e sim através do jornal o Estado de Sâo Paulo? O mesmo, aliás que no dia anterior ao segundo turno deste ano, em editorial conclamava os paulistanos a não votarem em Haddad, candidato do PT, sob o título "É preciso resistir" (post a respeito). 

E outra: quem vazou? Se o depoimento existiu e foi dado a três pessoas com alto cargo no - se vê - frágil sistema de justiça brasileiro, uma delas "confidenciou" ao jornal. Essa pessoa está zelando o seu trabalho ou seria como alguns dos policiais que na falta de salário digno aliam-se ao que de pior há e praticam justiça com as próprias mãos ? Essa pessoa não teria praticado o mesmo crime que atribui a outros? Ou se não envolve direta e imediatamente  dinheiro, vale? 

E a outra questão é: se houve esse depoimento, Marcos Valério, em surto de amnésia só se referiu ao "mensalão petista" ? 

Assista o @BobFernandes:


Dilma e Lula decidem reagir 

à sucessão de denúncias







Sobre as denúncias de Marcos Valério, o ex-presidente Lula disse, em Paris: "É tudo mentira".
Também em Paris, ao lado de François Hollande, presidente da França, a presidente Dilma Rousseff reagiu:

- Considero lamentáveis essas tentativas de desgastar a imagem do presidente Lula. Acho lamentável…

E completou:

- Todos sabem do meu respeito e da minha amizade pelo presidente Lula. Então, eu repudio todas as tentativas, e essa não seria a primeira vez, de tentar destituí-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem. Respeito porque o presidente Lula foi o presidente que desenvolveu o país e é responsável pela distribuição de renda mais expressiva dos últimos anos, pelo que fez internacionalmente, por sua extrema amizade pela África, por seu olhar para a América Latina e pelo estabelecimento de relações iguais com os países desenvolvidos do mundo…

Em Paris, Dilma e Lula decidiram, conjuntamente, reagir à sucessão de denúncias. Lula e seus assessores ainda avaliam de que forma, como, quando, onde e SE Lula fará ampla explanação do que pensa sobre a sequência de denúncias contra ele. Denúncias que se sucedem há quase quatro meses, de maneira ininterrupta.

Essa denúncia de Marcos Valério é a coisa mais fácil de ser apurada. Valério diz, por exemplo, que repassou R$ 100 mil para Freud Godoy, ex-assessor de Lula. Disse que tal quantia seria para pagamento de "despesas pessoais" do ex-presidente. Basta rastrear o dinheiro depositado. E checar o que Godoy pagou e para quem. Qualquer policial, qualquer procurador sabe qual é o ritual num caso como esse… se é que isso já não está sendo investigado pelo Ministério Público e/ou a Polícia Federal.

Quando corria o processo, anos atrás, o delegado Zampronha, da PF, insistiu para que Valério contasse o que tinha para contar. Ele, então, disse que não tinha mais nada a revelar. O mesmo disse à CPI e nos seus depoimentos à Justiça. Depois de condenado a 40 anos de cadeia, o que Valério quer e propõe é diminuir sua pena em troca de delação premiada.

Marcos Valério falou com a Procuradoria há quase três meses, no dia 24 de setembro. Se viu indícios suficientes, a Procuradoria teria que, de imediato, ter pedido investigação à Polícia Federal. Ou a própria Procuradoria teria que tocar a investigação, mesmo sem avisar à polícia.

Como já se passou tanto tempo desde o depoimento de Valério, é de se supor dois cenários: ou a Procuradoria e/ou polícia não viram indícios suficientes e não levaram o caso adiante, ou a investigação já está correndo em segredo de Justiça.

Um terceiro cenário é vazar o caso mesmo não existindo investigação. Vazado o caso, aí sim, a depender do barulho na mídia, iniciar-se uma investigação. Isso não é incomum. Basta lembrar a penúltima explosiva acusação.

Há 11 dias, em pleno "Caso Rose" (a ex-chefe de gabinete na Representação da Presidência da República em São Paulo), o deputado Garotinho (PMDB-RJ) fez uma denúncia. Denúncia com alarido, com repercussão viral nas redes sociais e em notas, cuidadosas, em jornais. Quem frequenta a Internet; Facebook, Twitter… e se liga em política, polícia ou fofocas, não teve como não ler ou, ao menos, receber essa denúncia.

Em resumo, segundo Garotinho, Rosemary Noronha, a Rose, teria levado 25 milhões de euros numa mala diplomática em uma viagem do ex-presidente Lula a Portugal. Dinheiro para ser depositado numa conta no Banco Espírito Santo, na cidade do Porto. Isso teria sido objeto de grampos telefônicos e estaria sendo investigado pela Polícia Federal, informou Garotinho.

Em depoimento no Congresso Nacional, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o diretor da Polícia Federal, Leandro Coimbra, não apenas negaram. Disseram que tal história era "inverossímil" e "fantasiosa". Sem contar a mídia daqui e de lá, supõe-se que polícia e ministro falaram com autoridades de Portugal antes de desqualificar tão grave denúncia.

Pergunta: como é possível uma denúncia dessa gravidade não levar a nada? Se alguém, ilegalmente, depositou 25 milhões de euros (uns R$ 68 milhões) num banco em Portugal, os responsáveis já deveriam estar presos.

Mas se isso foi uma denúncia falsa, uma mentira como disseram no Congresso o ministro da Justiça e a Polícia Federal, quem pagará pelo crime? Ninguém?

Aguardemos o próximo capítulo.

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