08 junho, 2012

Partidos não têm autoridade para disputar hegemonia moral

Por @Bob_Fernandes
Do Terra Magazine




Há 11 meses PSDB e DEM protocolaram na Procuradoria-Geral da República um pedido para investigar corrupção no Ministério dos Transportes. Entre os citados, o então ministro Alfredo Nascimento e o deputado Valdemar Costa Neto. Ambos do PR. Há três dias, o PSDB de José Serra selou aliança com o mesmo PR do mesmo Valdemar Costa Neto. E com a presença do mesmo Alfredo Nascimento, agora ex-ministro, na cerimônia do acordo.

O governador Perillo, do PSDB de Goiás, está cada dia e cada noite mais enroscado na CPI Cachoeira/Demóstenes. A ponto do líder do PSDB e integrante da CPI, Alvaro Dias, dizer:
- Perillo já foi atingido, mas vai esclarecer a compra da casa.

Na fila da CPI, outro enroscado: Agnelo Queiroz, governador do PT em Brasília.

E assim a CPI segue no seu movimento pendular. Na sua política de redução de danos. Do tipo "se pegar um meu, eu pego um seu". Não faltará o que pegar se e quando forem abertas as contas da Delta em todo o país. A Delta está nas obras do PAC. A Delta está nas obras de governadores dos principais partidos. Mas não é só a Delta.

Há um ano Luis Antonio Pagot foi demitido do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no mesmo Ministério dos Transportes. Na revista IstoÉ desta semana, Pagot afirma que empreiteiras foram "convidadas" a fazer caixa para a campanha de Dilma em 2010. Segundo Pagot, o caixa se encheu. Segundo Pagot, Caixa 1; dinheiro legal, declarado, e não Caixa 2…, mas com o pires rodando entre as empreiteiras.

O mesmo Pagot disse: "Todos os empreiteiros do país sabiam que o Rodoanel financiava a campanha de Serra em 2010". Serra negou, e o PSDB anuncia processo contra Pagot. O PT também negou.

Quem acusa tem que provar o que diz. Essa é uma regra básica do Direito. Acusados não são culpados até prova em contrário. Pena que na política brasileira essa regra, a da presunção da inocência, só é, só seja invocada quando o acusador se torna alvo.

Lembremos a queda do ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva: o policial João Dias, então, disse à revista Veja que existia um vídeo com o ministro recebendo dinheiro numa garagem do ministério. O vídeo, ao menos o vídeo, não existia, ninguém viu. Mas a onda foi enorme. E Orlando Silva foi tragado.

Mensalão do PT, mensalão do DEM em Brasília, mensalão do PSDB em Minas, a Delta, o Cachoeira, o Demóstenes, o Perillo e o Agnelo, os guardanapos do Sergio Cabral em Paris, a marginal do rio Tietê, o Rodoanel…

Tudo isso a ser julgado, ou ainda investigado. Enquanto não se prova culpa ou inocência dos envolvidos, nas eleições deste ano pense e discuta… a sua cidade.

Atentem para os currículos, ou prontuários em alguns casos, mas não embarquem no discurso moralista do partido A, B ou C. Pelo rumo dos ventos e dos eventos, pelo que cada partido diz e aponta sobre o outro, até prova em contrário nenhum deles têm autoridade para disputar hegemonia moral.


Leia também: 

Tarso : Por um trabalho republicano na CPI

2 comentários:

  1. É o caso de fazer uma CPI específica da Delta. Senão a CPI do Cachoeira perde o foco. Mas o gov. de Goiás, Marconi Perillo, esse sim, tem que ser ouvido pela CPI do Cachoeira. O caso do Perillo é diferente do caso dos outros governadores: Perillo entregou seu governo a Cachoeira. A ponto de as escutas da PF mostrarem que a promoção ao posto de coronel na PM de Goiás era decidida por Cachoeira!!

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  2. O ideal mesmo seria que tívéssemos uma justiça que fizesse o trabalho, e rápido. A instituição CPI (quero estar errada) me parece que avança muito pouco em função das brigas de foice e das blindagens que se estabelecem.

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